Tenho vários livros escritos e, ao primeiro deles, dei o nome deIátrica , palavra que significa A Arte Clínica. Vemos hoje a Medicina ser classificada como uma ciência, quando, na verdade, ela se vale também de dados subjetivos para atingir a sua meta - seja de cura ou de atenuação da doença em seus sintomas e sinais.A Medicina, em seu caminho diagnóstico, tem que levar em conta não apenas a parte física do ser humano, mas também os seus componentes psicológicos e sociais. E, para isso, uma anamnese completa costuma nos levar a 90% de possibilidades de uma hipótese diagnóstica correta mesmo antes do exame físico. É este savoir faire que parece ter sido substituído pelo know how tecnológico da prática médica atual.Mais do que um crítico da profissão, sou um curioso por natureza. Comecei a reparar que muitas pessoas reconhecidas em outras profissões, na verdade, possuem formação médica. Sempre foi difícil passar para a faculdade de Medicina, onde se formar é um grande desafio. Alguns personagens deste livro não chegaram a terminar o curso, mas outros exerceram a profissão. O que as teria motivado a buscar outro caminho?No meu caso, precisei largar a prática clínica para administrar um hospital, portanto, entendo que a missão médica pode ir muito além da Medicina. Quantas pessoas teria Aldir Blanc curado com sua música? Ou Guimarães Rosa e Bertold Brecht com suas obras? Como seria o Brasil se Juscelino Kubitschek tivesse se limitado a um consultório médico? Será que teríamos Brasília? O que Conan Doyle, Eva Longoria, Giorgio Armani, Jorge Furtado e Zezé Polessa têm em comum?Muito Além da Medicinapromete surpresas e reflexões.