Fernando Silvério Duarte Pereira
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O mar. Sempre ele, vasto e misterioso, estendendo-se diante dos olhos como um tapete azul que não conhece limites. Quem se senta na areia e permite que o pensamento seja levado pela cadência das ondas, logo descobre que há mais do que beleza naquele horizonte: há segredos ocultos, espelhos invisíveis e verdades que só a solidão permite revelar.Naquele instante, em que o corpo repousa na simplicidade da areia quente e o coração se abre à imensidão, o personagem desta história encontra no mar um interlocutor silencioso. Cada movimento das águas traz à tona lembranças antigas, dores que ainda doem e desejos que nunca foram vividos. O mar é memória e é promessa. É ausência e é esperança. E nesse diálogo íntimo com o infinito, surgem os contornos de um romance ideal, moldado não pelo que já foi vivido, mas pelo que se sonha viver.Quem olha o mar por tempo suficiente acaba por reconhecer nele a própria vida: ora calma e serena como um lago adormecido, ora agitada e tempestuosa, como se fosse capaz de carregar o coração para lugares inatingíveis. E é nesse ritmo de alternância que os devaneios nascem. O protagonista desta jornada, solitário em sua contemplação, começa a construir dentro de si um romance perfeito, feito de olhares, gestos e palavras que talvez nunca se concretizem no mundo real, mas que habitam com intensidade o espaço sagrado da imaginação.
