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O livro explicita como um ilícito penal, a corrupção, toma forma no corpo social brasileiro e, por meio de sua polissemia e seus diferentes vieses interpretativos, revela-se um fenômeno além do aspecto jurídico. O discurso vazio de combate à corrupção pode ser usado como medida populista, ou seja, um instrumento de manipulação: essa é a pedra de toque desta obra.Assim, o leitor é apresentado a um estudo que passa pela presença do discurso anticorrupção na história brasileira e que discorre sobre as relações entre corrupção, cultura, desenvolvimento e desigualdade, encerrando como uma seção sobre como a corrupção é vista como um mal generalizado e ganha contornos sistêmicos.Historicamente, no Brasil, o uso do discurso anticorrupção não é uma novidade, pois esteve presente em diversos momentos como eleições ou crises de governos. Entretanto, não se verificam muitas pesquisas sobre o tema. Ao explicitar a complexidade das relações que permitem o florescimento de um ambiente corrupto, o livro conclui que o uso desmedido de sistemáticas penalizadoras atende mais a anseios imediatistas do que a mudanças concretas na realidade da Administração Pública.
