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Primeiro livro no Brasil, a aplicar a neurociência em um caso concreto de processo penal, a obra aborda do inquérito policial ao tribunal do júri, é um grito sufocado de quem foi condenado sem que se houvesse escutado sua verdade.Sebastião não é personagem inventado. É carne, osso e dor. Um homem arrastado pelos labirintos do sistema penal brasileiro, privado de liberdade por mais de três anos, julgado ao final por uma lesão leve, já purgada à exaustão. Esta não é uma ficção jurídica: é o retrato nu e lancinante de uma falha sistêmica, esculpida com o cinzel da impunidade institucional e da cegueira seletiva.Com elegância literária e rigor técnico, A Faca e a Sentença não apenas desnuda um erro judiciário; ele o analisa, o disseca e o reconstrói à luz da neurociência, da psicologia do julgamento, da filosofia do direito e da crítica sociológica. Ao percorrermos os trinta capítulos que compõem esta denúncia meticulosa, somos levados ao âmago de um sistema que, ao invés de proteger o inocente, torna-se artífice de sua ruína. Vieses cognitivos, dissonância, julgamento heurístico e criminalização da existência pobre — tudo isso se insinua nos autos como sombras que deformam o que deveria ser justo.Elisandro Carvalho conduz o leitor por dentro do próprio processo penal, não como narrador onisciente, mas como advogado de defesa, historiador das falhas e poeta das injustiças. Sua escrita nos convoca à reflexão urgente: quantos Sebastiões ainda padecem no silêncio dos cárceres?
